O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neuropsiquiátrico que afeta tanto crianças quanto adultos, caracterizado por sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Estima-se que o TDAH afete cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos em todo o mundo, sendo um dos transtornos mais comuns na infância, mas que também pode persistir na vida adulta (American Psychiatric Association, 2013). Este artigo explora os sintomas de TDAH em diferentes fases da vida, métodos de diagnóstico e tratamentos eficazes, incluindo opções terapêuticas e medicamentosas.
Sintomas do TDAH em Crianças
O TDAH em crianças é frequentemente identificado na fase escolar, quando os sintomas se tornam mais evidentes em ambientes que exigem maior concentração e controle comportamental. Os sintomas podem ser classificados em dois grupos principais:
- Desatenção:
- Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer.
- Comete erros por descuido em atividades escolares.
- Dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas.
- Esquecimento frequente de atividades diárias.
- Perde objetos necessários para tarefas (ex.: livros, material escolar).
- Hiperatividade e Impulsividade:
- Inquietação constante (ex.: mexe mãos e pés, não consegue ficar sentado).
- Corre ou sobe em lugares inadequados.
- Fala excessivamente e tem dificuldade em esperar sua vez.
- Interrompe ou se intromete em conversas e jogos.
Esses sintomas devem ser persistentes por pelo menos seis meses e devem impactar negativamente o funcionamento social, acadêmico ou ocupacional da criança (APA, 2013).
Sintomas do TDAH em Adultos
Embora o TDAH seja frequentemente associado a crianças, cerca de 60% dos casos persistem até a idade adulta (Faraone et al., 2006). Os sintomas de TDAH em adultos podem se manifestar de forma diferente, devido às demandas e responsabilidades da vida adulta. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Desatenção:
- Dificuldade em organizar tarefas e cumprir prazos.
- Procrastinação frequente.
- Dificuldade em gerenciar o tempo.
- Perda de foco em conversas longas ou reuniões.
- Impulsividade e Hiperatividade:
- Decisões impulsivas (ex.: compras impulsivas).
- Dificuldade em esperar em filas ou em situações de espera.
- Sentimento de inquietação interna constante.
- Dificuldade em relaxar ou ficar parado.
Em adultos, esses sintomas podem resultar em problemas no trabalho, conflitos em relacionamentos e dificuldades na gestão de atividades cotidianas.
Métodos de Diagnóstico
O diagnóstico de TDAH é clínico, ou seja, baseado na observação dos sintomas e no histórico do paciente. É importante que seja realizado por profissionais de saúde mental qualificados, como psicólogos e psiquiatras, utilizando critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou pela Classificação Internacional de Doenças (CID-11).
Procedimentos de Diagnóstico Incluem:
- Entrevistas Clínicas: A coleta de informações detalhadas do histórico de desenvolvimento, sintomas e funcionamento atual.
- Questionários e Escalas de Avaliação: Utilização de escalas padronizadas como o SNAP-IV para crianças e o ASRS para adultos.
- Observação Comportamental: Em alguns casos, é importante observar o comportamento do paciente em diferentes contextos (ex.: escola, trabalho).
- Descartar Outras Condições: Avaliar a presença de condições comórbidas, como ansiedade, depressão ou transtornos de aprendizagem, que podem se sobrepor aos sintomas de TDAH.
Tratamentos para o TDAH
O tratamento do TDAH deve ser multimodal, combinando intervenções comportamentais, psicossociais e, em alguns casos, medicamentosas. A escolha do tratamento depende da gravidade dos sintomas, da idade do paciente e de sua resposta às intervenções iniciais.
- Psicoterapia:
- Terapia: Ajuda a melhorar o controle de impulsos, a organização e a habilidade de manejo do tempo, além de tratar comorbidades como ansiedade e depressão.
- Treinamento de Habilidades Sociais: Ajuda a desenvolver melhores habilidades de interação social e comunicação.
- Intervenções Psicoeducativas: Educam pais, professores e pacientes sobre o TDAH, suas manifestações e formas de manejo.
- Tratamento Medicamentoso:
- Estimulantes: Como metilfenidato e anfetaminas, são considerados a primeira linha de tratamento e têm eficácia comprovada em cerca de 70-80% dos casos (Biederman & Faraone, 2005).
- Medicamentos Não-Estimulantes: Como a atomoxetina, podem ser utilizados em pacientes que não respondem bem aos estimulantes ou apresentam efeitos colaterais adversos.
- Intervenções Comportamentais:
- Treinamento de Pais e Professores: Estratégias para reforçar comportamentos desejáveis e manejar comportamentos desafiadores.
- Planejamento e Organização: Ferramentas para ajudar na organização do tempo, rotina e responsabilidades.
Considerações Finais
O TDAH é um transtorno que, embora desafiador, pode ser gerenciado de maneira eficaz com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. A combinação de psicoterapia, intervenções comportamentais e, em alguns casos, medicamentos, proporciona um plano de tratamento holístico que aborda as necessidades individuais de cada paciente. Além disso, a conscientização e a educação contínua sobre o TDAH são essenciais para desmistificar o transtorno e promover uma maior compreensão e apoio para aqueles que convivem com ele.
Se você ou alguém que você conhece está lidando com sintomas de TDAH, é importante procurar a ajuda de um profissional de saúde mental qualificado para uma avaliação completa e orientação sobre as melhores opções de tratamento.
Referências
- American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.).
- Biederman, J., & Faraone, S. V. (2005). Attention-deficit hyperactivity disorder. The Lancet, 366(9481), 237-248.
- Faraone, S. V., Biederman, J., & Mick, E. (2006). The age-dependent decline of attention deficit hyperactivity disorder: A meta-analysis of follow-up studies. Psychological Medicine, 36(2), 159-165.
João Pedro Ribeiro de Paula
Psicólogo Clínico CRP 06/142636
Contato: 16.9.8265-0911